julho 08, 2015

Sobre a consulta 7/07/2015

Consultinha!!!!
É a segunda consulta pós radioterapia e cura. Já se passaram 180 dias de liberdade. E 32 dias de gravidez.
Dessa vez resolvi levar um presentinho pro meu doutor. uma garrafa de champanhe. Aquele que ele adora. Com um cartão para lembrá-lo do quanto eu e minha família somos gratos, por ele ter acertado no tratamento e por Deus ter me dado como anjo um médico muito capacitado. Ele amou o presente, no fim disse:" Era tudo o que eu precisava hoje".
 Conversamos muito a respeito do bebê, sobre os exames que terei que fazer para controle, quais seriam, o que era mais indicado. Conversamos sobre meu serviço, sobre minha falta de ar e as tosses. Conversamos também sobre o cateter, que tem me deixado muito limitada; mas como já estou acostumada a fazer pouca coisa com o braço do cateter nem dou muita bola, apesar que tenho deixado de fazer muita coisa no trabalho por causa dele, além das dores que sinto quando o mexo muito.
Foi nessa conversa que ele falou para retirar o catéter. Não muito bem como explicar, mas suei frio.
Quero abrir um adendo e falar sobre isso. Quero explicar o porque da retirada de um objeto me faz ter medo. Lá atrás, quando me falaram do port-a-cath, me falaram em 5 anos, de cara me assustei" todo esse tempo", me passaram que aprenderia a viver com ele, que nos primeiros dias doeria, mas que depois tudo voltava ao normal. Fazer o que, era preciso para a quimioterapia, então vou colocar.
Cheguei a usá-lo no hospital para o soro, remédios e no dia 25/07/2013 para a quimioterapia. Vou dizer logo de cara: Dói muito a região onde ele fica, às vezes pós a picada sangra que o band-aid que eles colocam não dá conta. Tive vários episódios que foi preciso remédio para passar um pouco da dor.Agora só uma vez por mês ou 45 dias que "limpo" ele, ai fica uns 4 ou 5 dias dolorido e depois passa. O problema todo é que aqui na loja me mexo muito e não tenho esses 5 dias de repouso. E agora com o bebê, se ele nascer muito pesadinho, não teria como ficar com o meu filho nos braços. Com todos esses contras decidimos tirar o port-a-cath.
E nisso me vem na cabeça: "to me afastando cada vez mais da doença, libertando a minha alma e meu corpo de tudo". É como a tiara, que não preciso mais, mas que ainda coloco(comprei umas 5 quando estava careca para enfeitar minha cabeça e ficar mais bonita), é como a maquiagem (não saía de casa se não tivesse maquiada), os lenços, o chapéu, o protetor(que confesso ainda está dentro da minha bolsa, e o uso em fator 60) , os brincos (comecei a usar para ficar mais linda).... Eu tenho noção que é para o meu bem, que é mais uma barreira vencida, mas me dói, bem no fundo, saber que agora não terei mais nenhum vinculo com a doença que não seja as cicatrizes. Não sei explicar porque, mas acho que é porque coloquei no pensamento que tudo isso era a minha rotina, a minha vida e me acomodei com a ideia.
Já marquei a consulta com o doutor Riesgo, aquele lá de trás, que me deu o diagnóstico, que fez as cirurgias, agora estou voltando para ele. Para terminar tudo, tudo aquilo que ele iniciou.
Isso me faz pensar que realmente a vida é nova. É uma vida que está se gerando dentro de mim, é uma velha Nathália que se vai. Mais uma vez alguém vem e me pega pelas mãos e me roda, me tirando da zona de conforto, do comodismo. E lá vou eu, enfrentar essa nova etapa; ao lado da minha família e de Deus (que nunca me abandonou).
Espero que todos estejam bem e entendam que apesar de todos os obstáculos, uma hora tudo melhora... e tudo acontece quando menos imaginamos.
Bjão a todos, fiquem com Deus

A vida pós-câncer

 Logo depois do diagnóstico pensamos que a nossa vida nunca mais será a mesma. Eu dizia pro meu médico: "Tem certeza que terei a minha vida de volta?", e claro, ele respondia com um sorrisão: "com certeza".
 Com toda certeza que ela não será mais a mesma. E não é.
 Sabe aquela preguicinha matinal sentida antes? Multiplique por 30. Essa será tua preguiça agora.
 Aquela dorzinha de cabeça? Será multiplicada por 50. A dor de garganta também não fica muito atrás não, rsrsrss.
 Experimente ficar o dia inteiro em um ambiente com pouca ventilação e com muito pó. "Cê" vai tossir e muito!!!!
 Claro, não vou dizer que TUDO ficou ruim, tudo não! Aquele velho dilema de viver um dia de cada vez será prorrogado por todos os dias que tu acordar (e agradeça à Deus por Ele lembrar disso todas as manhãs!).
 A fome, as frutinhas, as oleaginosas, os mimos que tu ganha, o sorriso que as pessoas tiram de ti, um abraço daqueles quebra costelas, ass palavras carinhosas e de encorajamento.... As pessoas lembrando a todo instante a falta e a presença que tu faz na vida dela. Nossa! isso é muito bom!!!
 Não lembro do último dia que reclamei de alguma coisa, durante e depois do tratamento. Isso também é um lado positivo. Agora se tu me perguntar qual foi a última vez que chorei, vou te responder que foi ontem, rsrsrsrss. Chorei porque não entendo como as pessoas nao entendem a modificação que teu corpo sofre e das limitações que teu corpo tem. É pessoal nesses 120 dias tenho visto que nem todo mundo é tão "generoso" assim. E por mais que tu se esforce, e tente, e vá em frente, não rola. Eles realmente são "cegos" ou estão vendados a ponto de não ver as limitações.
Repeti demais as palavras.
E quero continuar repetindo.
Não a história, mas as palavras. Para que as pessoas comecem a compreender o significado de limitações, e não confundam com falta de vontade. Afinal quem passa por um tratamento assim tem sua vida de volta, mas totalmente modificada.
Que fique o recado.