janeiro 15, 2015

Animais e sua teoria sobre o amor

Eu o ganhei logo depois de ter perdido minha Nina, uma cadela de rua que peguei para cuidar. Tinha encontrado ela com muito carrapatos, pulga e vermes e louca de fome.Nunca vou esquecer a cara da minha mãe a hora que eu cheguei com ela. Tadinha. Cuidei muito da Nina, ela estava lindíssima, nem eu acreditava que tinha cuidado tão bem dela. Foi ai que nos separamos, quando ela estava bem. Eu fui fazer o vestibular na UFSM e ela acabou morrendo atropelada. Chorei horrores por causa dela. Foi aí que eu ganhei o Michel, quer dizer o Nego. Ele tinha dias quando foi lá pra casa, chorava a noite toda, rsrsrs. Eu levantava com um biscoitinho e ia consolá-lo.
Ele era uma bolinha de pêlo indefeso que precisava de um lar. E foi isso que proporcionamos. O Nego ganhou uma casinha uma coleira, um potinho para água outro para a comida, brinquedinhos e amor. 
Lembrando disso, agora sei o porquê dele ter tido um cuidado especial comigo. O Nego foi um dos que mais se importou comigo, se mostrou no dia-a-dia um amigo fiel. Acho que é por isso que eu o tenho como filho. Um verdadeiro anjo.
Parece mentira, mas a cada quimioterapia que fazia, ele sabia. Uma pelo horário que eu chegava em casa (quase sempre de madrugada), outra porque eu quase não levantava da cama. Ele pegou o costume de me espiar todas as manhãs, vinha correndo e abria a porta e olhava para cima da cama, conversava um pouco e deitava no tapete. Nos dias em que eu estava um pouco melhor eu colocava um colchão na sala e vinha olhar televisão. E o que o Nego fazia? Vinha deitar junto.
Hoje se você vier na minha casa, irá se espantar, ele sempre está aonde eu estou: 
-Se estou costurando, o Nego está do lado da cadeira;
-Se estou tomando banho, o Nego está esperando na porta;
-Se vou me vestir, o Nego está sentado do lado da cama;
-Se sento para olhar tv, o Nego está nos meus pés ( ou em cima do chinelo);
-Se estou na cozinha, o Nego esta embaixo da mesa.
E é assim o nosso dia, onde um está o outro está também.  Eu não me arrependo em nenhum momento por tratar o Nego dessa maneira, ele me cuidou muito quando mais precisava. Ele é como se fosse nosso filho, ele não é nosso animal de estimação, seria muito injusto tratar ele assim.
As pessoas intitulam os animais como irracionais, mas eu não os vejo assim. Eles sentem e interagem com a gente muito mais que os humanos. Não me arrependo em nenhum momento por tudo que fiz pelo Nego, quando eu mais precisei ele me confortou e estendeu sua mão, ops, sua pata.


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